O
silêncio às vezes é um bem muito valioso. E o ex-deputado distrital
Júnior Brunelli (sem partido) sabe disso. E sabe como usá-lo. Depois de
passar nove dias preso, suspeito de participar em um esquema que
desviava dinheiro público, usando uma instituição religiosa como
fachada, o ex-parlamentar quase enlouqueceu.
Em
um momento de pânico, Brunelli gritou para quem quisesse ouvir que não
iria pagar sozinho pelo escândalo da Caixa de Pandora, que descobriu a
existência de um esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares e
outras autoridades.
Disse:
“Se acham que vão me fazer pagar por isso sozinho, estão muito
enganados. Se continuar assim, vou explodir e entregar todo mundo.”
Brunelli conseguiu o que queria.
Não só teve uma passagem relâmpago pela
cadeia, como ficou hospedado na Divisão de Operações Especiais da
Polícia Civil.
A “cela” era, na verdade, uma confortável sala de 100 metros quadrados com TV e até micro-ondas.
Durante
a operação policial foram recolhidos computadores e documentos fiscais
que, segundo fontes que participaram da investigação, teriam sido
escondidos durante a operação Hofini, realizada no mês passado, e que
resultou na prisão do ex-parlamentar.
Ele
é suspeito de desviar quase R$ 2 milhões dos cofres públicos. Brunelli
foi acusado de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e
uso de documento falso. Ele só se apresentou à polícia três dias
depois.
Segundo
fontes, foi tempo suficiente para que provas importantes fossem
escondidas.
Durante quase um mês, homens da Delegacia de Combate ao
Crime Organizado (Deco) seguiram novas pistas e informações passadas
por meio de denúncias anônimas.
Todo o material recolhido vai passar por perícia e será incluído no inquérito que investiga o ex-parlamentar.
Segundo
fontes ouvidas pela coluna, a operação teria um outro alvo: a deputada
distrital Eliana Pedrosa (PSD), principal nome da oposição e
pré-candidata ao GDF em 2014. Os recursos desviados por Brunelli têm
origem em convênios entre a Associação de Assistência Social Monte das
Oliveiras (AMO) e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência
de Renda (Sedest).
Na
época, Eliana era a titular da Sedest. Durante depoimento, Brunelli
foi insistentemente interrogado para incluir o nome da deputada no
esquema. Nada disse.
A polícia também nada achou contra Eliana. Se
existe algum envolvimento, Brunelli preferiu o silêncio.
Infelizmente
para a democracia, investigar adversários se tornou praxe. Na política
brasiliense, quem está no poder trabalha para eliminar possíveis
concorrentes em 2014.
Desta vez, o plano não deu certo
Fonte: Blog do Callado
Blog Rádio Corredor por Odir Ribeiro
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