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sábado, 7 de julho de 2012

O RECADO DE BRUNELLI


O silêncio às vezes é um bem muito valioso. E o ex-deputado distrital Júnior Brunelli (sem partido) sabe disso. E sabe como usá-lo. Depois de passar nove dias preso, suspeito de participar em um esquema que desviava dinheiro público, usando uma instituição religiosa como fachada, o ex-parlamentar quase enlouqueceu.

Em um momento de pânico, Brunelli gritou para quem quisesse ouvir que não iria pagar sozinho pelo escândalo da Caixa de Pandora, que descobriu a existência de um esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares e outras autoridades.

Disse: “Se acham que vão me fazer pagar por isso sozinho, estão muito enganados. Se continuar assim, vou explodir e entregar todo mundo.” Brunelli conseguiu o que queria. 

Não só teve uma passagem relâmpago pela cadeia, como ficou hospedado na Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil.

A “cela” era, na verdade, uma confortável sala de 100 metros quadrados com TV e até micro-ondas.

Durante a operação policial foram recolhidos computadores e documentos fiscais que, segundo fontes que participaram da investigação, teriam sido escondidos durante a operação Hofini, realizada no mês passado, e que resultou na prisão do ex-parlamentar.

Ele é suspeito de desviar quase R$ 2 milhões dos cofres públicos. Brunelli foi acusado de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso. Ele só se apresentou à polícia três dias depois.

Segundo fontes, foi tempo suficiente para que provas importantes fossem escondidas. 

Durante quase um mês, homens da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) seguiram novas pistas e informações passadas por meio de denúncias anônimas.

Todo o material recolhido vai passar por perícia e será incluído no inquérito que investiga o ex-parlamentar.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, a operação teria um outro alvo: a deputada distrital Eliana Pedrosa (PSD), principal nome da oposição e pré-candidata ao GDF em 2014. Os recursos desviados por Brunelli têm origem em convênios entre a Associação de Assistência Social Monte das Oliveiras (AMO) e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest).

Na época, Eliana era a titular da Sedest. Durante depoimento, Brunelli foi insistentemente interrogado para incluir o nome da deputada no esquema. Nada disse. 

A polícia também nada achou contra Eliana. Se existe algum envolvimento, Brunelli preferiu o silêncio.

Infelizmente para a democracia, investigar adversários se tornou praxe. Na política brasiliense, quem está no poder trabalha para eliminar possíveis concorrentes em 2014.

Desta vez, o plano não deu certo

Fonte: Blog do Callado 
Blog Rádio Corredor por Odir Ribeiro

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