No DF, onde o esquema Cachoeira
tentou se infiltrar, Agnelo Queiroz será investigado; em Goiás, onde há
até a suspeita de propina no palácio, Marconi Perillo é poupado; com uma
atuação pouco criteriosa, procurador Roberto Gurgel será um dos
primeiros nomes ouvidos pela CPI
Brasília 247 – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, corre
o sério risco de se transformar num dos alvos da CPI que investiga o
caso Carlos Cachoeira.
Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, um
dos primeiros a ser votados será o do senador e ex-presidente Fernando
Collor (PTB-AL), que pede justamente a convocação de Gurgel. Isso
porque, durante dois anos, a PGR engavetou o pedido de investigação
feito pela Polícia Federal contra o senador Demóstenes Torres (sem
partido/GO), sem explicação plausível.
O que também continua sem explicação clara é a postura de Gurgel
diante dos fatos novos que vêm sendo apresentados a cada dia. Desde o
início da crise, ficou clara a influência do esquema Delta-Cachoeira no
governo de Goiás, de Marconi Perillo. Carlos Cachoeira foi recebido pelo
governador, por secretários e teve influência direta na nomeação de
delegados e pessoas até do primeiro escalão do governo goiano.
A Delta
saiu do zero para um faturamento de mais de R$ 450 milhões em Goiás na
era Marconi. E a bomba do dia diz respeito a um suposto pagamento de
propina no Palácio das Esmeraldas, cujo destinatário seria o governador
Marconi Perillo – que nega (leia mais aqui).
Apesar de tudo isso, Gurgel disse que ainda não vê elementos para
investigar Perillo. De acordo com a PGR, não há “indícios suficientes”. O
que é curioso quando o próprio governador admite que houve certa
influência de Cachoeira em Goiás – e o próprio PSDB deve convocar seu
governador.
Dois pesos, duas medidas.
De maneira completamente distinta, Gurgel anunciou que irá investigar
o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz. O que os
grampos da Polícia Federal revelam é que, desde o início do seu governo,
arapongas e agentes da Delta tentavam se infiltrar no Distrito Federal,
para replicar na capital federal e no seu entorno o reinado que haviam
conquistado em Goiás. Gurgel, sem pensar duas vezes, anunciou a
investigação.
Ao mesmo tempo, até hoje a Procuradoria Geral da República não
conseguiu se livrar de outro fato constrangedor no Distrito Federal.
Mais de dois anos depois da queda do ex-governador José Roberto Arruda,
que foi preso e perdeu seu mandato, os procuradores ainda não
conseguiram denunciá-lo. É uma situação esdrúxula, de uma condenação que
já aconteceu na prática, sem a existência de um processo.
Gurgel também está na mira do PT pela denúncia final que apresentou
no caso do mensalão. Uma peça que teria, segundo os petistas, caráter
mais político do que técnico.
Fonte: Blog do Callado
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