Mino Pedrosa
No dia 13 de fevereiro de 2004 Lula enfrentou seu primeiro escândalo como Presidente da República.
O ministro da Casa Civil, o todo poderoso, José Dirceu, através de seu assessor Waldomiro Diniz estava envolvido em propinas de Caixa 2 do PT, flagrado pelo chamado “empresário do jogo” Carlos de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O tratamento da mídia dado a Carlinhos Cachoeira à época foi de grande “empresário do jogo” e dono do segundo maior laboratório de medicamentos genéricos do país: Vitapan. A TV Globo anunciava, no Jornal Nacional, a pedido do Palácio do Planalto, que a fita, flagrando Waldomiro pedindo propina a Cachoeira para as campanhas petistas presidencial e estaduais, era uma conspiração do Ministério Público e da imprensa contra o governo petista.
Hoje, passados oito anos e findado o governo Lula e a blindagem, Cachoeira e Waldomiro foram condenados pelo processo de 2004.
O Partido dos Trabalhadores saia, na ocasião, numa defesa feroz de Zé Dirceu e Waldomiro alegando que o “empresário do jogo” Carlos Cachoeira estava sendo usado num complô para beneficiar os tucanos derrotados nas eleições presidenciais.
Enquanto isso, numa cobertura na Avenida Atlântica esquina com a Rua Hilário de Gouveia, num dos pontos mais chiques do Rio de Janeiro, Copacabana, morava o bicheiro Aniz Abraão Davi, o Anísio. Alí era feita a arrecadação do jogo do bicho carioca.
O mesmo apartamento, de propriedade do doutor Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, era usado apenas para assistir a queima de fogos na passagem do ano, até 2003. Era um apartamento de alto luxo com mármore de carrara e louças portuguesa e inglesa, importadas com exclusividade para decorar a cobertura do empresário e jornalista.
Recentemente a TV Globo, no Jornal Nacional, mostrou imagens da cobertura dizendo que o bicheiro Anísio vivia num luxuoso apartamento em Copacabana. Mas omitiu que o proprietário anterior era o falecido presidente das Organizações Globo doutor Roberto Marinho.
O Jogo do Bicho no Rio de Janeiro se mistura com a arrecadação de dinheiro do Metrô e trens de superfície. Os bicheiros comandam parte das estatais do Governo Carioca.
A Operação Monte Carlo foi montada pela Polícia Federal de Brasília e Ministério Público Federal para atuar no Estado de Goiás. O objetivo era atingir Demóstenes Torres e Marconi Perillo. Ambos oposição ao PT.
Dessa vez, o personagem é o mesmo, mas o tratamento dado pela mídia e pelo Palácio do Planalto mudou muito. Agora, Carlinhos Cachoeira, “empresário do jogo” é chamado de bicheiro, contraventor e presidiário em Mossoró.
Os bicheiros de renome no país estão revoltados com a imprensa quando denominam Carlinhos Cachoeira de “bicheiro”. Segundo eles, Carlinhos não passa de vendedor de papel para gerenciar loterias nos Estados e gerente de grupos proprietários de caça-níqueis.
Waldomiro e Zé Dirceu, em 2004, tentavam legalizar as máquinas de caça-níqueis para o “empresário do jogo” Alejandro de Viveiros Ortiz, que tinha o foco apenas em seus próprios negócios. Enquanto isso, Carlos Cachoeira, outro “empresário do jogo”, com um foco mais “profissional” queria as caça-níqueis em casas especializadas, ou seja, a legalização total do jogo no Brasil, com a apuração em real time, on-line. Cachoeira pensava no software do jogo on-line, desenvolvido especialmente para suas empresas e que já atuam no mercado internacional.
Agora, a Operação Monte Carlo não quer revelar os negócios do “empresário do jogo” Carlos Cachoeira. Omite a participação de grandes empreiteiras, que abocanharam bilhões dos cofres públicos durante o Governo Petista. Em centenas de horas de grampo telefônico, apenas 2 minutos se referem ao chamado “Jogo de Azar”.
Carlinhos Cachoeira fala com o senador Demóstenes Torres e pede para “tocar no Senado o projeto de lei de autoria do ex-senador Maguito Vilela.” Demóstenes, após analisar, diz que o conteúdo vai de encontro ao projeto de Cachoeira. Mas mesmo assim, Cachoeira pede o empenho de Demóstenes, para colocar em votação para apreciação de todos os senadores.
A bancada da legalização do jogo no Congresso é muito forte. O retorno dos cassinos é projeto do senador Edison Lobão, com o apoio do PMDB. A legalização das máquinas de caça-níqueis e bingos é do ex-senador Maguito Vilella e outros parlamentares, inclusive do PT, e na Câmara, há projetos de dezenas de deputados.
Quando as gravações do MPF revelam o nome de Cláudio Abreu não diz que se trata do diretor do Centro-Oeste do Grupo Delta de Engenharia, o maior fornecedor do Governo Federal.
A Delta atua fortemente no Governo de Goiás, com obras e locação de veículos. O governador Marconi Perillo chegou a conversar com Cláudio Abreu no sentido de liberar concessões em todo o Estado para beneficiar Carlos Cachoeira.
A Delta estava sendo usada como fachada de negócios do contraventor, que despachava numa sala no mesmo andar da empreiteira em Goiânia. Por isso, aparece nas gravações falando de milhões com seu contador. Já que o contraventor falava em milhões com o seu representante fiscal, não poderia estar se referindo ao jogo e sim a negócios “lícitos” e “declarados”.
E é pela porta dessa “legalidade” Carlinhos Cachoeira entra em Brasília gerenciando com Cláudio Abreu o lixo do DF. O gerente do Centro – Oeste da Delta é o contato de Cachoeira com o GDF, juntamente com o Dadá, Idalberto Matias de Araújo, o braço operacional de Carlinhos.
Cláudio Abreu faz contato com o Governador Agnelo, através do chefe de gabinete Claudio Monteiro e Marcello de Oliveira Lopes, o Marcelão, da Casa Militar e dono da Plá Comunicação. A agência está no nome da mãe de Marcello, Marly Antônia de Oliveira Castro.
O que chamou a atenção do MPF foi o modus operantes de Carlinhos Cachoeira. A equipe que trabalha com ele faz monitoramento clandestino eletrônico e telefônico de empresários, políticos e jornalistas. Carlinhos também tem o costume de gravar as conversas durante seus encontros.
Tudo isso fazia parte de um plano do “empresário do jogo” para comprar parte da Delta e se tornar parceiro de Fernando Cavendish, o presidente da Delta que recentemente durante uma reunião de diretoria da empresa disse na mesa que é muito fácil comprar um senador da base governista para conseguir obras. “Senador tem preço é só pagar que ele dá um jeitinho ”
O mais interessante é que até agora o Senado não chamou o empresário para explicar por quanto é possível comprar um senador.
Fonte: QuidNovi por Mino Pedrosa.
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