Por Wilson Silvestre - Os últimos acontecimentos políticos no Distrito Federal protagonizados pelo governo de Agnelo Queiroz (PT) aceleram a construção de alianças políticas até então inimaginadas, reunindo no mesmo barco rorizistas, ex-democratas e outras dissidências. O cenário que se avizinha nesta quadra de crises sinaliza que o futuro de Agnelo será sombrio no ponto de vista político. “Não vejo como o governador possa construir uma boa relação com a sociedade, tendo a cada dia uma denúncia contra seu governo ou algum membro de sua equipe”, disse uma fonte ao Jornal Opção na quinta-feira, 2.
Embora o principal líder de oposição no Distrito Federal, Rogério Rosso PSD/DF (foto), mantenha uma discrição quase beneditina, evitando declarações ou juízo de valor sobre a gestão de Agnelo, deputados distritais do partido, como Celina Leão, Liliane Roriz, Eliana Pedrosa e Washington Mesquita mantêm-se na trincheira mirando a pontaria na “gestão desastrada de Agnelo”.
Analistas políticos e partidos especulam que a prudência de Rosso é uma estratégia para seduzir a classe média. Segundo essas análises, a classe média estaria querendo uma via alternativa para 2014. Na percepção das pessoas mais esclarecidas, dizem, o governo de Agnelo Queiroz vai permanecer agonizante por um bom período.
Mesmo que ele consiga restaurar a confiança da população, parte da sociedade e agentes políticos de oposição vão construir uma alternativa para sucedê-lo. É nesta seara que Rosso deve apostar suas fichas eleitorais em 2014.
“Se a situação se agravar, como a maioria dos formadores de opinião preconiza, as fileiras oposicionistas tendem a crescer, principalmente se ficar provada na Justiça, que a vitória de Agnelo foi uma conspiração urdida por meios nada democráticos”, analisa um advogado ouvido pelo Jornal Opção.
A entrevista do delator da Caixa de Pandora, Durval Barbosa, na revista “Veja”, pode influenciar neste processo, já que Durval conta, em detalhes, como foi montada a operação para retirar da disputa José Roberto Arruda e Joaquim Roriz. “O mais grave de tudo é o suposto envolvimento de uma figura de nossa mais alta corte de Justiça.
Logo agora, em que o Judiciário está envolvido num processo de desgaste e desconfiança junto à opinião pública, por causa de denúncias de privilégios e enriquecimento de magistrados fora dos padrões normais da gestão pública”, avalia a fonte.
O Jornal Opção procurou o presidente do PSD no Distrito Federal, Rogério Rosso, na sexta-feira, 3, para saber quais são os planos e projetos do partido no DF. Ele estava embarcando para São Paulo onde ia “cumprir uma agenda mesclada por assuntos políticos e familiares” e não quis tecer comentários sobre a situação política de Agnelo ou sobre mudanças na gestão. “Estou focado na construção e busca de filiados para o PSD.
Acho cedo para analisar com profundidade a gestão de Agnelo, portanto, qualquer palpite neste momento seria prematuro”, despistou. Este excesso de cautela tem uma explicação na avaliação de um ex-auxiliar de Rosso: “Muita gente que ajudou o Rogério quando ele estava nos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, principalmente liderança do terceiro escalão, está empregada na gestão de Agnelo por causa das alianças partidárias.
Se ele dissesse alguma coisa condenando ou criticando, pode prejudicar possíveis aliados no futuro. Como no Distrito Federal não tem eleição municipal, existe muito tempo e espaço para Agnelo reverter o quadro negro em que se encontra. Rogério é esperto e sabe que em política, o adversário hoje pode ser o aliado de amanhã”, avalia o ex-auxiliar.
Movimentação - Mesmo com este excesso de prudência, o PSD se movimenta rumo a 2014, tanto é verdade que, silenciosamente, amplia seu quadro conquistando pessoas ‘desgarradas do rorisimo ou do arrudismo’. A mais recente aquisição foi a do ex-senador do DEM Aldemir Santana, filiado como esperança de uma nova era para o Distrito Federal.
No escritório de Rogério Rosso, no Lago Sul, era visível o entra e sai de pessoas em busca de informações ou mesmo só para conversar sobre política com o líder pessedista. Esta demonstração de liderança acende luz de alerta a alguns petistas ligados ao diretório nacional.
Para um deles, que participou de uma conversa informal num restaurante de Brasília com um jornalista de uma grande revista de circulação nacional, “a situação de Brasília pode piorar se não houver uma ação firme para salvar a história do partido no Distrito Federal”.
Caso continue este cenário nebuloso, Agnelo pode vir a ser a referência negativa de gestão petista Brasil afora. A mídia nacional não vai dar trégua ao governo de Agnelo porque, mesmo ele controlando veículos de comunicação regional, as denúncias podem ser capitalizadas pela oposição e repercutidas no Congresso. A pergunta que se faz: será bom para Geraldo Magela ou ruim para todos?
Sempre desconfiei que o PT tinha um dedo podre nessa história!!!
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