Welington: fogo-amigo?
O momento vivido pelo agora secretário de Condomínios, o deputado licenciado Welington Luiz (PPL), só reforça a tese da existência do famoso “fogo-amigo” entre aliados do Palácio do Buriti. Bastou ser confirmado no cargo para que logo surgisse a denúncia de que o parlamentar seria proprietário de imóveis irregulares no DF. Apesar de tudo ter sido confirmado pelo distrital, ficam algumas análises a serem feitas.
De todas as secretarias criadas pelo atual governo, a de Condomínios foi a que mais demorou para conseguir indicar o nome de quem conduziria a pasta. O governo chegou a declarar que seria algum jurista, mas nenhum topou o desafio. Encrencado com as negativas, o governador resolveu abrir o leque de opções. Foi então levada a ele a sugestão de um policial para que, além de articular a regularização, pudesse combater um problema ainda maior: a grilagem de terras no DF.
O nome do deputado Welington Luiz agregava. Além de ter liderança na PCDF (ele é ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis), ainda daria margem para uma negociação política pelo afastamento temporário dele da Câmara Legislativa. E assim o foi, dando espaço ao empresário Siqueira Campos, que apesar de ser do PSC, assume a vaga na CLDF afinado com o governo.
No momento em que tudo parecia estar calmo, surge a denúncia sobre os imóveis irregulares de Welington, com o único objetivo de desestabilizar o seu nome na pasta. Hoje, os jornais chegam a dizer que Agnelo quer explicações do novo secretário sobre suas propriedades. O episódio escancara a fragilidade do governador com a base de seu governo.
Ora, se Agnelo teve tanto tempo para escolher um nome, somente pelos jornais poderia saber o patrimônio do distrital, que está declarado em todos os lugares? E mais: há realmente algum problema do secretário ser uma das mais de 600 mil pessoas que possuem imóveis em condomínios irregulares do DF? Seria como se proibisse, por exemplo, algum secretário de Obras de construir uma rodovia reivindicada há anos, só porque a pista beneficiaria algum imóvel seu. Poderia até beneficiar, mas atenderia um pedido antigo da população.
Pelo raso e questionável conteúdo da denúncia, o governador mais uma vez coloca um secretário na berlinda. Mal anunciou e já deixa o novo aliado exposto, sem saber o que será do amanhã. Enquanto isso, os outros companheiros, que tiveram a indicação vencida, comemoram mais uma instabilidade do governo Agnelo.
Na permanência ou na troca do comando da 34a secretaria do atual governo, é preciso ter uma coisa em mente: o maior objetivo dessa pasta é o combate às invasões de terra e a formação de novos parcelamentos urbanos ilegais. Enquanto o governo ficar à deriva e não se responsabilizar integralmente pelas indicações de suas pastas, a crise política e administrativa terá sempre o mesmo enredo. E o final deles, é fato, todos já estão carecas de saber.
Por último, fica uma pergunta: será Welington o único a ter imóvel em área irregular ou se valendo do imóvel para ocupar área irregular? E mais: seria ele o único integrante do governo que, de acordo com denúncia, se aproveitaria do cargo para priorizar interesses pessoais, no caso contratos que beneficiem parentes e familiares? Pelo que sabemos, não. A única diferença é que no outro caso, ou nos outros casos, não é de interesse do governo a divulgação dos fatos. Por que será?
Fonte: Edson Sombra
Nenhum comentário:
Postar um comentário