O delegado Onofre de Moraes, 55 anos, não suportou a pressão e entregou, na manhã dessa quinta-feira (2/2), o cargo de diretor-geral da Polícia do Distrito Federal ao governador Agnelo Queiroz (PT).
Em um vídeo divulgado na noite de quarta-feira e gravado em junho de 2011, o policial aparece fazendo críticas ao petista e outros personagens da política brasiliense.
Nas imagens, Onofre diz que Agnelo sairia no camburão da Polícia Federal e que teria feito esquemas durante a carreira pública.
O vídeo foi divulgado no blog do jornalista Edson Sombra um dia depois de o Correio publicar uma entrevista exclusiva em que o então diretor desafiava o blogueiro.
A crise envolvendo Onofre teve início no último dia 24, quando o delegado aposentado Durval Barbosa prestou depoimento à Polícia Federal. Segundo o delator da Caixa de Pandora, Onofre teria oferecido R$ 150 mil para que Sombra deixasse de publicar críticas à atual gestão.
Na entrevista ao Correio, o ex-diretor negou as acusações e disse se tratar de retaliação a uma investigação aberta pela Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT) contra a Babytour Agência de Viagens, Turismo e Representação Ltda., empresa da mulher de Sombra, Wânia Luzia de Souza.
Onofre desafiou o jornalista a publicar os vídeos. “Só saio da direção-geral por determinação do governador ou morto”, disse o delegado na noite de quarta-feira, antes da divulgação das imagens.
Logo depois das declarações, Sombra divulgou o vídeo que compromete o ex-diretor. As imagens foram veiculadas em primeira mão no site do Correio, na madrugada de ontem. Apesar de afirmar não ter visto a gravação, o governador aceitou o pedido de demissão de Onofre. “Não havia condição concreta de Onofre continuar no cargo.
Ele acha que o ocorrido, de fato, pode causar um constrangimento”, disse o chefe do Executivo em evento, à tarde, no Shopping Popular de Ceilândia (leia reportagem na página 18).
Na manhã de ontem, Agnelo convocou o então diretor e o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, para uma reunião na residência oficial de Águas Claras. Segundo o petista, Onofre pediu para deixar o cargo.
Interinamente, o diretor-adjunto, João Rodrigues, assume o comando da corporação. A expectativa é que o novo nome seja anunciado ainda hoje. “O governador explicou que a medida se fez necessária para garantir a normalidade administrativa e funcional da Polícia Civil do DF. Ele designou o secretário de Segurança para conduzir o processo de substituição”, anunciou o porta-voz do governo, Ugo Braga.
Mais vídeos
Onofre disse que Sombra e Durval Barbosa estariam preparando a divulgação de outros vídeos que podem comprometer mais autoridades. “Tenho informações de que eles têm mais de 3 mil áudios e vídeos para soltar.
Eles dominaram a cidade e eu me tornei vítima porque não abaixei a cabeça para eles”, disse o ex-diretor, sem confirmar se existe investigação em andamento sobre as supostas gravações.
O delegado teve uma passagem meteórica no comando da Polícia Civil. Saiu antes de completar três meses no cargo. Ele anunciou ontem a sua aposentadoria com os olhos marejados. E disse: “Saio com a cabeça erguida e com a sensação de que deixei uma polícia mais operacional e menos política”.
O presidente da Câmara Legislativa, Patrício (PT), leu ontem a convocação de Onofre, prevista para próxima terça. “O vídeo é grave. Não dá para ele sair só pedindo desculpas.”
A matéria completa você lê na edição impressa desta sexta-feira (3/2) do Correio Braziliense. Ricardo Taffner e Saulo Araújo
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