Em período de pré-campanha, a disputa pela prefeitura de São Paulo esbarrou no crack. Os quatro postulantes à vaga de candidato do PSDB usaram a droga como matéria prima para alvejar o PT.
Reunidos para um debate entre eles, os tucanos Andrea Matarazzo, Ricardo Trípoli, José Aníbal e Bruno Covas aproveitaram os holofotes para se contrapor a Fernando Haddad.
O antagonista do PT classificara de “desastrada” a operação realizada na Cracolândia, tradicional reduto de traficantes e consumidores de crack, no centro de São Paulo.
A repressão é conduzida pelo governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB) em conjunto com a gestão municipal de Gilberto Kassab (PSD). Coube a Andrea Matarazzo abrir a artilharia.
Disse que a operação só virou tema de polêmica porque existem “oportunistas de plantão”. São “os cavaleiros do apocalypse, que gostam de politizar a tragédia alheia.”
Secretário de Cultura de Alckmin, Matarazzo cuidou, ele próprio, de injetar política no drama. “O governo do PT consolidou o crack na região central”, disse, referindo-se à gestão petista de Marta Suplicy na prefeitura (2011-2004).
“Eles hoje vêm reclamar de que se está fazendo errado, mas podiam ter feito naquela época”, declarou Matarazzo, como que acometido de um lapso amnésico. O tucanato governa São Paulo há 16 anos, desde 1995, quando Mario Covas elegeu-se governador.
Quer dizer: em matéria de crack, a responsabilidade pelo descalabro é, no mínimo, compartilhada. Numa interpretação rigorosa, as culpas do PSDB seriam maiores que as do PT.
O deputado federal Ricardo Tripoli investiu contra o PT por outro flanco, o governo federal. “O crack não é um produto oriundo do Brasil e as nossas fronteiras estão escancaradas”, declarou.
“Eles estão há nove anos no governo e não fizeram nada para que os entorpecentes não entrassem pela Bolívia. Agora vêm aqui dar palpite na política de São Paulo.”
De novo, a comparação converte o problema numa espécie de gincana dos sujos contra os mal asseados. Antes dos nove anos de PT federal hove os oito anos de poder tucano, sob FHC.
Lula, de fato, negligenciou a encrenca. Por vezes, teve-se a impressão de que alisava a cabeleira indígena do companheiro boliviano Evo Morales. Mas cabe perguntar: por que diabos as fronteiras mantiveram-se porosas na Era FHC?
Alheio à dúvida, Trípoli carregou no veneno: “Não adianta dizer que a culpa é da prefeitura ou do governo [estadual], se o governo federal não fez a lição de casa.”
Bruno Covas e José Aníbal –respectivamente secretários de Meio Ambiente e de Energia de Alckmin— realçaram outro calcanhar da política anti-drogas conduzida a partir de Brasília: o SUS.
“Essa ação firme tem ajudado muito a enfrentar o problema e nós queremos a participação do governo federal”, disse Covas. “O governo do PT não permite a internação dos dependentes químicos [em unidades do SUS], o que não contribuiu em nada até aqui”, ecoou Aníbal.
Sob FHC, o ministro que por mais tempo geriu os negócios da Saúde foi o grão-tucano José Serra. Um observador incauto poderia indagar: naquela época, o SUS prestava a devida assistência aos viciados?
A certa altura, Trípoli referiu-se ao petista Haddad, afilhado político de Lula, como “paraquedista”. Enxergou autoritarismo no processo de seleção do PT, que se absteve de realizar prévias. “Lula não é mais presidente, mas manda em todos eles.”
O deputado tucano não disse, mas também a cúpula do PSDB sonha com o cancelamento das prévias tucanas, previstas para março. Pelo alto, pressiona-se Serra a assumir a condição de candidato. Por baixo, trama-se mandar as prévias para as calendas. A menos, claro, que Trípoli e os demais resistam.
Como se vê, o processo eleitoral de São Paulo promote. Seja qual for o candidato do PSDB, vai ser divertido assistir aos embates de tucanos contra petistas. Os rotos versus os esfarrapados.
Fonte: Blog do Josias - UOL
Ricardo Tripoli foi o que apresentou melhor desempenho e preparo para ser o prefeito de SP. Acredito em sua candidatura.
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