Em texto levado ao seu site, a CGU (Controladoria-Geral da União) divulgou os resultados de auditorias que realizou no Ministério da Agricultura e na Conab.
Os textos confirmam o que o ex-ministro Wagner Rossi, apadrinhado do vice-presidente Michel Temer, negava: sob o PMDB, a pasta virou antro de irregularidades.
Abre parênteses. Oscar Jucá Neto, o Jucazinho, irmão do senador Romero Jucá, o Jucazão, pronunciara em julho uma frase forte. Nomeado diretor financeiro da Conab em 1o de julho, Jucazinho fora demitido por Rossi no dia 27 do mesmo mês.
Abespinhado, Jucazinho enxergou na degola uma tentativa de desgastar Jucazão. Com a cabeça apartada do pescoço, levou os lábios ao trombone. Acusou Rossi de oferecer-lhe dinheiro. “Era para eu ficar quieto. Ali só tem bandido”, disse. Decorridos quatro meses, o trabalho da CGU dá-lhe razão.
As auditorias confirmam: ali, de fato, só tinha bandido. Incluindo, naturalmente, Jucazinho, o irmão do líder de Dilma Rousseff no Senado. Fecha parênteses.
A CGU varejou o contrato firmado entre a Agricultura e a Fundação São Paulo. Coisa ajeitada pelo lobista Júlio Fróes, aquele que mantinha sala no ministério. “Houve, efetivamente, a pré-definição da entidade contratada, com montagem processual e pesquisa de preço eivada de vícios”, informa a CGU.
Pela conta da controladoria, a operação resultou em prejuízo para a Viúva de R$ 1,1 milhão. Para recordar: o lobista Fróes agia sob proteção de Milton Ortolan. Amigo de duas décadas de Rossi, Ortolan respondia pela chefia de gabinete do ministro pemedebê. Foi afastado na época, embora o chefe negasse os malfeitos.
Afora o caso da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC, a CGU perscrutou outras licitações feitas pela Agricultura. Detectou uma saraivada de irregularidades. “Falhas graves”, eis a expressão mais utilizada no texto divulgado pela controladoria.
A CGU levou sua lupa aos negócios da Conab, a Cia. Nacional de Abastecimento, estatal que pende do organograma da Agricultura. Jucazinho fora apeado da diretoria financeira da companhia depois que se noticiou que ele havia liberado R$ 8,2 milhões para uma empresa de armazenagem.
Chama-se Renascença Armazéns Gerais Ltda.. Já foi ligada à família Jucá. Hoje, tem como sócios um par de laranjas –um pedreiro e um vendedor de carros. A CGU confirmou também essa “irregularidade”. Firmada apenas por Jucazinho, a ordem bancária deveria trazer também a assinatura do presidente da Conab.
Averiguou-se denúncia relacionada à empresa Commerce Comércio de Grãos. “Está registrada em nome de laranjas e tem sede de fachada”, atestou a CGU. Pior: “Seus verdadeiros proprietaries possuem também outras empresas registradas em nome de empregados." Entre elas duas beneficiárias de repasses oficiais: Villagio e Exporta. Junto com a Commerce, beliscaram na Conab R$ 16,6 milhões.
Ampliando a auditoria para o programa da Conab que visa assegurar preço mínimo aos agricultores, a CGU identificou “prejuízo potencial de R$ 228 milhões.” É dinheiro de subvenção à atividade agrícola “repassado indevidamente a empresas que não respeitaram as regras do programa” do governo.
Na fase em que sua língua fugiu ao controle, Jucazinho denunciou a cobrança de propinas das empresas Caramuru e Spam. A CGU não logrou comprovar. Por quê? “Para isso não são adequados os instrumentos de auditoria, e sim os de investigação policial, como a quebra de sigilos telefônico e bancário.”
Jucazinho também fizera referência à venda de um terreno da Conab a preço companheiro. O imóvel fica a 2 quilômetros da Praça dos Três Poderes. Coisa fina.
Arrematou-o, por R$ 8 mihões, empresa pertencente a Hanna Massouh, vizinho e amigo do senador Gim Argello (DF), líder do PTB, legenda que coabita a Conab com o PMDB.
Eis a conclusão da CGU: “O negócio foi feito de forma prematura e sem as devidas cautelas de preservação e valorização do ativo imobilizado da Companhia, causando-lhe prejuízo”.
Os achados dos auditores seguem para o Ministério da Agricultura, agora comandado pelo pemedebê Mendes Ribeiro; para a Casa Civil da Presidência, para a Advocacia-Geral da União, para o TCU; e para o Ministério Público.
A encrenca entra em sua fase mais complicada: a identificação dos “bandidos” e a recuperação das verbas malversadas. Para complicar, a CGU informa: “Outras situações irregulares já se encontram em apuração.”
Assim caminha a coalizão presidencialista que (des)governa o Brasil, um condomínio 100% financiado pelo déficit público. Não é difícil compreender por que o PT deseja tão ardentemente aprovar um “marco regulatório” para a mídia.
Fonte: Blog do Josias de Souza - FOLHA
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