Francisco Caputo e Eugenio Raúl Zaffaroni |
Nos últimos dias a Esplanada dos Ministérios tem vivido mais uma grande turbulência política. Diferente das demais, essa parece que terá sérios desdobramentos no Distrito Federal.
O soldado João Dias Ferreira quando resolveu mirar a sua metralhadora na direção do ministro do Esporte Orlando Silva, do PCdoB, não imaginou que o tiro fosse respingar no seu “amigo” governador Agnelo Queiroz.
Após ameaçar pessoas próximas ao governador e parte da equipe do GDF em seu “blog” com insinuações bombásticas, Dias mudou de estratégia e decidiu “atirar” somente no ministro Orlando Silva e no PCdoB. Errou de cálculo quando tentou proteger Agnelo. As suas denúncias só corroboram com as suspeitas de que Agnelo Queiroz é mesmo o verdadeiro mentor do esquema de malfeitorias no ministério, montado desde o ano de 2003.
Exceto a militância do PCdoB, que se desdobra em travar uma “guerrilha” nas redes sociais com ataques veementes contra a mídia que noticia os fatos, desde a publicação das denúncias de Dias pela revista Veja, os brasileiros já puderam observar que o programa Segundo Tempo, proposto pelo Ministério do Esporte, longe de massificar atividades esportivas para as nossas crianças, se transformou num “caixa forte” que, através de ONGs de fachadas, ajudou a movimentar os negócios particulares de alguns políticos e tem servido de escoadouro para abastecer os comunistas e não comunistas do Brasil.
O Distrito Federal está no centro do furacão. O governador Agnelo Queiroz tenta se esquivar, mas não consegue se livrar das revelações de sua cria, que tanto o tem atormentado. A amizade com o soldado João Dias transcende a eleição de 2006. Ela faz parte de um eixo de ONGs, montado logo que Agnelo assumiu a pasta do Esporte. Talvez aí, se explique o poder em demasia dado ao deputado Paulo Tadeu, da ONG Cata-Ventos.
Também faz parte do eixo, a ONG Novo Horizonte, do encrencado Luis Carlos Coelho de Medeiros. Mas o esquema foi mais além ao associar-se com entidades sindicais como a FETRACOM, dirigida pela atual administradora do Riacho Fundo II, Geralda Godinho. Como de costume, o governador nega qualquer envolvimento seu com as denúncias. Diz que saiu do ministério há seis anos. Falta dizer que nunca foi ministro, muito menos foi um dia militante do PCdoB.
Diante das investigações determinadas pela ministra do STF, Carmem Lúcia, o Distrito Federal revive mais um escândalo político, nos moldes do Mensalão do DEM, que resultou no afastamento do governador José Roberto Arruda. No entanto, Arruda, só foi destituído do Poder a partir da mobilização social, que envolveu várias entidades, que historicamente sempre se posicionaram contra a corrupção e os desmandos de governos autoritários. Uma delas foi a Ordem dos Advogados do Brasil – Secção do Distrito Federal - dirigida por Stefânia Viveiros que teve papel preponderante no processo de mobilização.
Infelizmente, no caso desse novo escândalo envolvendo o governador Agnelo Queiroz, a OAB-DF tem se omitido. Emudeceu. Parece que não quer enxergar que o Distrito Federal está prestes a enfrentar mais um colapso de governança. Algo deve explicar a complacência e a omissão do pleno da OAB-DF, contrariando até mesmo a Carta de São Luis – MA, em que o Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais da Ordem, reunido nos dias 22 e 23 de setembro, recomendou a luta e a criação de Observatório nas seccionais, como instrumento essencial na luta contra a corrupção, que corrói os cofres públicos.
O Conselho Seccional da OAB-DF está recheado de figurinhas próximas do governador e do Partido dos Trabalhadores, tais como Claudismar Zupiroli, conhecido advogado do PT e Josefina Serra dos Santos, petista de carteirinha e atual Secretária de Políticas Públicas de Igualdade Racial do GDF. O seu presidente, Francisco Caputo, cada vez mais direciona a OAB-DF para defender os projetos do GDF. Caputo não se rogou em organizar um movimento em defesa de Brasília como sede da Abertura da Copa do Mundo de 2014, além de ser íntimo de Sandro Avelar, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Talvez, essas evidências justificam o silêncio da entidade das lutas de outrora em defesa da moralidade pública.
É bom que os conselheiros do DF relembrem o que disse o presidente do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante, durante a Marcha contra a corrupção, no dia 07 de setembro deste ano: “Este país precisa é de vergonha na cara. O povo não tolera mais políticos que fazem da vida pública uma extensão de seus interesses privados. A indignação é geral. Hoje é dia de dar o grito da independência: chega de corrupção”.
Fonte: Blog do Edson Sombra
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