O Parlamento, como se sabe, é resultado de uma lenta evolução da humanidade rumo à solução negociada e pacífica dos conflitos.
Humberto Costa (PT-PE) e Mario Couto (PSDB-PA) frequentam, em Brasília, o pedaço mais vetusto desse universo, o Senado.
Nesta quarta (24), Costa e Couto –o primeiro líder do PT, o outro líder da minoria— trocaram o “vossa excelência”e o “nobre colega” por tratamentos menos lhanos.
O rififi começou em meio a um discurso do petista. Humberto Costa criticava a intenção da oposição de inaugurar uma CPI.
Em aparte, Mario Couto disse que o colega defendia a corrupção. A temperatura subiu ao ponto de ebulição depois que Costa desceu da tribuna.
Alegando que o líder petê o havia citado de modo atravessado, o tucano requereu o direito de responder. Esculachou o governo e o PT.
Costa reinvidicou o mesmo direito ao microfone. Ao responder, realçou o modo impróprio como Couto costuma se dirigir aos colegas.
Queixou-se da presidência da Casa, que releva as agressões de Couto sob a alegação de que “se trata de um louco ou débil mental.”
Do plenário, Costa foi ao cafezinho do Senado, um ambiente contíguo. Couto foi atrás.
Súbito, sob olhares atônitos de assessores e repórteres, os dois senadores levaram o entrevero à beira do pugilato.
Era como se Costa e Couto, barrigas escostadas no balcão, garrafas de cerveja vazias à frente, estivessem num boteco, não no Senado.
A repórter Adriana Vasconcelos registrou a cena. O tucano Couto bicou: “Débil mental não!”
O petista Costa reiterou: “Débil mental, sim! Você precisa respeitar os outros.” O tempo fechou.
— E você é um safado!, Couto retrucou.
— Safado é você!, Costa devolveu.
— Você é que respondeu processo na Justiça. Da próxima vez, vou dizer isso da tribuna.
— Você está pensando que eu sou moleque? Vai ter de aprender a respeitar os outros.
De duas, uma: ou os senadores retomam a linha ou a direção da Casa manda espalhar pelo cafezinho mesas de ferro, com os pés em ‘X’.
Em vez de café, bebidas mais quentes. Entre um trago e outro, o vale-tudo.
Fonte: Blog do Josias de Souza - FOLHA
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