Há uma semana, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) foi ao noticiário em posição incômoda.
Veio à luz um vídeo gravado a pedido do Ministério Público Federal e sob orientação da Polícia Federal.
As imagens exibem reunião na qual dois assessores da ANP achacam uma advogada. Pedem propina de R$ 40 para liberar um processo na agência.
Submetida à denúncia, a ANP tentou desqualificá-la. Dilma Rousseff e a assessoria do Planalto silenciaram sobre o caso.
Sob o silêncio das autoridades, surge agora um barulho novo. A advogada Vanusa Sampaio, alvo do achaque falou ao repórter Diego Escosteguy.
A conversa escalou as páginas da mais recente edição de Época. A revista informa: As propinas da ANP destinavam-se às arcas do PCdoB.
Desde 2003, ano inaugural da Era Lula, dirige a agência petroleira o ex-deputado federal Haroldo Lima (PCdoB-BA).
Na entrevista, a doutora Vanusa, que representa na ANP cerca de 3 mil empresas, acomoda no epicentro da denúncia um servidor chamado Edson Silva.
Ex-deputado e dirigente do PCdoB, Edson era superintendente da ANP na época em que Vanusa procurou o MP para denunciar o achaque, em maio de 2008.
Hoje, Edson continua na ANP. É assessor da direção-geral. Responde diretamente ao mandachuva Haroldo Lima.
Na conversa com o repórter, gravada, Vanusa conta que, ao assumir a chefia do setor de Abastecimento da ANP, Edson chamou-a para uma conversa.
A advogada reproduz a frase que diz ter ouvido de Edson: “Eu sei que você tem muitos processos aqui. Temos de trabalhar de forma harmônica”.
Vanusa sustenta ter deixado claro a Edson que “não faria nenhum tipo de parceria.” Seus problemas na agência começaram depois desse diálogo.
A advogada relata: Edson “começou a criar todas as dificuldades do mundo para meus clientes…”
“…Chegaram a assediar alguns deles, dizendo que, como haviam me contratado, os processos deles não iriam andar na ANP…”
“…Meus clientes ficaram preocupados e disseram que eu tinha de fazer parceria com o Edson. Eu me recusei”.
Nesse ponto, sempre segundo o relato da advogada, entraram em cena os dois assessores da ANP filmados na reunião urdida por orientação da PF.
“Eles me procuraram e me orientaram a transferir metade –metade!– dos meus clientes a um advogado de São Paulo ligado a eles”, conta Vanusa.
Como os assessores diziam falar em nome de Edson, a advogada pediu a presença dele.
Encontraram-se no café de uma livraria, no Rio. Edson credenciou os prepostos.
Vanusa revela: “Eles explicaram como funcionava [o esquema] . Disseram que todos os cargos do PCdoB precisam levantar dinheiro, que tem de ser para o partido…”
A advogada procurou o Ministério Público. Contou tudo o que se passava. Armou-se, então, o flagrante gravado em vídeo.
“Um agente da PF instalou o equipamento para gravar a conversa com os dois em meu escritório. Gravei e entreguei o vídeo ao MP. Contei tudo o que sabia em detalhes”.
Nesse ponto, a advogada Vanusa injeta uma denúncia dentro da outra. Conta que havia a intenção de gravar uma segunda conversa. Porém…
“Logo depois que entreguei o vídeo e as provas que eu tinha ao MP, o agente da PF que ajudou na gravação, não sei por qual motivo, comunicou tudo à direção da ANP…”
“…Isso inviabilizou tudo. Os dois [prepostos de Edson] acabaram saindo da agência. O Edson foi tirado da Superintendência, mas virou assessor do diretor-geral logo depois”.
Vanuza relata mais: “Logo depois que minhas denúncias vazaram para a direção da ANP, recebi ameaças de morte…”
A advogada questiona: “Não falam em fazer faxina no país? Agora cabe ao MP e ao governo fazer a parte deles. O que fizeram até agora?”
Dilma Rousseff talvez devesse chamar para uma conversa o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
Chefe da PF, Cardozo não há de ter dificuldades para verificar o que seus subordinados fizeram até agora. Já lá se vão 3 anos.
Fonte: Blog do Josias de Souza - FOLHA
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