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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Troca de Comando: Exonerado e aposentado

Depois de ser demitido pelo governador Agnelo Queiroz, Suamy Santana assume erro no episódio da compra das capas de chuva e decide deixar a PM. A Secretaria de Transparência abre processo para apurar supostas irregularidades 

Há 31 anos na corporação, Suamy negou que o desgaste da compra dos equipamentos tenha motivado a aposentadoria: "Cumpri a minha missão"
Jurando inocência quanto à polêmica da compra das capas de chuva para a Copa do Mundo — que será realizada em pleno período de seca — e com direito a choro, o coronel Suamy Santana da Silva se despediu ontem do comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e ainda anunciou que vai para a reserva. Na verdade, quando chegou ao quartel- general da corporação, pela manhã, ele já era ex-comandante, pois a exoneração dele e a nomeação do também coronel Jooziel de Melo Freire para o cargo já haviam sido publicadas no Diário Oficial do DF. Suamy foi demitido pelo governador Agnelo Queiroz (PT) por ter incluído a compra dos equipamentos de proteção na relação de itens adquiridos para a competição esportiva. O coronel disse que o episódio não passou de um erro administrativo e enfatizou, mais de uma vez, a sua integridade: “Não sou ladrão, não sou corrupto”.

O ex-comandante convocou a imprensa para tentar explicar a situação que ele classificou como “um vacilo” da área administrativa da corporação que ele, como chefe, decidiu assumir. “Houve um erro, que foi encaminhar essa ação de compra a um pedido da Secretaria de Segurança para relacionar os gastos e as aquisições para a Copa. Fui eu quem assinei e nunca responsabilizei os meus subordinados quando eu sou o chefe maior. Então, a culpa é realmente minha”, destacou.

A intenção da pasta da Segurança era encaminhar a relação de gastos para a Copa do Mundo à Secretaria de Transparência e Controle (STC) a fim de que os dados fossem divulgados em um site específico voltado para as competições internacionais, que lista os investimentos de várias áreas da administração pública. O coronel ressalta que o deslize foi apenas ter incluído o pedido de compra das capas nesse pacote. No entanto, a primeira reação do coronel, em entrevista ao Correio, na edição de quarta-feira, foi defender sumariamente a aquisição e até chegou a dizer que ninguém seria “oráculo” para prever se choveria em Brasília em junho e julho (meses das competições). A admissão de erro só veio depois.

O ofício relacionando os projetos em execução pela polícia, incluindo as compras de equipamentos que totalizavam R$ 21 milhões (entre eles as capas), foi encaminhado à Subsecretaria de Planejamento e Capacitação da SSP com a assinatura do coronel Paulo Roberto Witt Rosback, atual chefe do Departamento de Logística e Finanças da PM. Ele foi um dos comandantes da corporação no governo Agnelo Queiroz, substituído por Sebastião Davi Gouveia. Rosback e Gouveia eram próximos ao deputado Patrício (PT), que é militar, e perderam os cargos por não conseguirem administrar o descontentamento dos integrantes da corporação, que exigiam reajustes salariais. Gouveia foi substituído justamente por Suamy, indicação direta do secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar. Quando assumiu, o novo chefe tinha como tarefas apaziguar a tropa, reduzir os índices de criminalidade e tentar acabar com a influência política no meio militar. “Cumpri a minha missão”, disse ontem Suamy.

De acordo com o ex-comandante, a compra das capas estaria sendo cogitada pela PMDF desde 2010. Mas, com a demora do trâmite burocrático, como a análise por órgãos de controle e pela Procuradoria-Geral do DF, acabou ficando liberada apenas este mês. O pregão eletrônico estava marcado para ocorrer no próximo dia 18, incluindo a aquisição de vários equipamentos. Somente os itens de proteção contra a chuva, 17 mil unidades, estavam orçados em R$ 5,3 milhões. “Venceria a empresa que apresentasse o menor preço e teríamos um ano para ir adquirindo as capas. Poderíamos comprar 17 mil ou nenhuma, ou 10, ou 100”, disse. A compra está suspensa. 

Choro

No dia em que deixou o comando-geral da PMDF, Suamy Santana apresentou o pedido de aposentadoria. Ontem mesmo,  fez a solicitação formal de transferência para a reserva da corporação. Ele, que esteve à frente da tropa por mais de um ano, disse que tem 31 anos de carreira e ficha imaculada. Ao falar da família, ele se emocionou e chorou. “Não tenho vergonha. Desculpa, é que sou muito visceral, sou muito coração”, desabafou, enquanto enxugava as lágrimas com um guardanapo de papel. Ele também considera que a atitude do governador ao demiti-lo foi correta, até para que não fique dúvida quanto à lisura do processo relacionado com a Copa do Mundo.

Uma auditoria começou a ser feita ontem mesmo pela Secretaria de Transparência e Controle no pedido de compra das capas de chuva. A titular da pasta, Vânia Lúcia Ribeiro Vieira, explicou que os técnicos vão analisar o preço, a quantidade e a especificidade dos equipamentos. “Ainda bem que pudemos identificar preventivamente, até para evitar danos ao erário. Acredito que, até o fim da próxima semana, o nosso relatório esteja pronto”, explicou.

Cinco perguntas para

O senhor diz que lutou contra ingerências políticas durante o ano em que ficou à frente da tropa.

Como se deu isso?

Todos os órgãos públicos e privados sofrem ingerência política. Então, me refiro a direcionar todas as ações de polícia ao cunho estritamente técnico orientado pelo governador do Distrito Federal.

O senhor pode dar as especificidades dessas capas?

Essa não é uma capa que se compra na feira. Ela dá proteção para pular uma cerca ou um muro, por exemplo. Tem um sistema refletivo importado, que, a uma distância grande, se identifica a presença do policial. Não é um equipamento qualquer. Eu enfrentei pedreiras à frente da corporação e estou entregando o comando por causa de uma capa de chuva. Faço isso feliz porque entendo que cumpri a minha missão, mas triste pela polêmica que foi criada em cima de algo que, para mim, foi insignificante.

O que aconteceu?

Eu não sou burro, seria incapaz de comprar 17 mil capas para uso no período de seca do Distrito Federal para a Copa do Mundo. Seria o cúmulo da idiotice. O que houve foi um erro de administração de informar isso. Eu era o comandante em chefe e assumi o erro. Vou para a reserva da Polícia Militar. Já assinei o meu requerimento de reserva. Amanhã, já estarei nas ruas como cidadão comum.

O senhor pensa que esse foi um erro de caso pensado?

Acredito na lealdade, na honestidade e na ética do policial militar. Por isso, estou há 31 anos na corporação. Acredito que houve um erro, um descuido, uma falta de avaliação. Assumimos o erro.

O senhor vai para a reserva por causa do desgaste do episódio das capas de chuva?

Não. Tenho 31 anos de serviço e já poderia ter me aposentado. Não saí porque atendi o chamado do governador na época da crise na Polícia Militar. Acho que vou contribuir mais como cidadão do que aqui na Polícia Militar, porque aqui eu cumpri a minha missão.

Fonte: Correio Braziliense - Por Almiro Marcos

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