A saída da base governista rachou o PSB brasiliense. Ontem, a sigla recebeu o pedido formal de desfiliação de cinco membros de alto calibre. A lista é composta pelo secretário de Turismo, Luiz Otávio Neves; o ex-secretário de Agricultura, Lúcio Valadão; o presidente do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Gastão Ramos; o diretor-extraordinário de Regularização de Terras Rurais da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Moises Marques; e o presidente da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa), Wilder Santos.
Politicamente, a legenda pode ainda sofrer uma sexta baixa, pois o ex-presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), José Guilherme, avalia a desfiliação. Fiéis ao Palácio do Buriti, os seis nomes não concordaram com os novos rumos da bandeira, oficializados no último sábado. O presidente regional do partido, Marcos Dantas, lamentou os desfalques. “São valorosos companheiros”, classificou.
Dantas enfatizou que PSB trata todos os filiados de forma igualitária e a saída da base partiu de votação soberana da plenária. Com a desfiliação, pavimenta-se a possibilidade de manutenção dos atuais ocupantes nos cargos. Mas seria ingenuidade descartar a possibilidade de pressões de outros partidos, inseridos na base, pelas cadeiras. Após 17 anos de PSB, Luiz Otávio Neves deixou a legenda com mágoas. “Esse não é o partido pelo qual eu tanto lutei”, disse, emocionado.
Neves criticou a forma como a plenária foi conduzida, alegando que não havia proporcionalidade entre o tempo oferecido para falas pela saída e pela permanência .
Segundo o secretário, o PSB adotou o julgamento “falacioso” de que o GDF não atingiu resultados nestes dois anos de gestão. Sem cogitar a migração para novo partido, Neves avalia que os espaços ocupados pelo PSB estavam dando resultados e partir de 2013 os frutos ficariam visíveis para a população.
Distrital fica, mas protesta
Voto vencido na plenária, o deputado Joe Valle (PSB) não planeja deixar
o partido. Com estreitos laços junto ao GDF, diante dos holofotes o
parlamentar deixará a situação para adotar uma posição de
independência. Valle comentou que mesmo não concordando, seguirá os
passos da legenda. O deputado alegou que fará críticas ao Buriti nas ocasiões em que forem necessárias, assim como discordou da Parceria Público Privada (PPP) do Lixo e do tratamento a determinados movimentos sociais. “O partido não pode me cobrar incoerência. Terei posição quanto aos temas. E coerência é ter posíção”, detalhou.
O atual administrador do Lago Norte, Jaime Recena, também seguirá a decisão da plenária e entregará o cargo. “Sou filiado e vou acompanhar a decisão do partido”, declarou.
De malas na mão, Moises Marques avalia que o GDF não é uma terra arrasada. “O governo não está bem avaliado. Não está mesmo. Todo mundo sabe. Mas não é por isso que temos que sair”, disparou. Para Marques, é dever dos aliados ajudar o governo a melhorar.
Da mesma forma como o secretário de Turismo, Marques adjetivou a desfiliação como dolorosa. “Casamentos se desfazem. Tem divórcios. Por que não pode ter divorcio partidário?”, questionou. O PSB fala agora em reforçar os diálogos com outras siglas, a exemplo do PDT, PPS e PSOL.
As portas estão abertas para negociações. “Conversas não significam compromissos com o futuro”, emendou Marcos Dantas.
Fonte: Jornal de Brasília - Por Francisco Dutra

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