'Sou o garganta profunda do PT', disse Carlinhos Cachoeira
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| Liberdade. O contraventor Carlinhos Cachoeira deixa a prisão em Aparecida de Goiânia |
Após sair da prisão, ontem, em Aparecida de Goiânia (GO), o bicheiro Carlinhos Cachoeira ameaçou o PT com supostas revelações que incriminariam pessoas ligadas ao partido. O bicheiro ganhou a liberdade em consequência de mais uma decisão favorável do desembargador Tourinho Neto. O magistrado do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1a Região concedeu habeas corpus ao contraventor, preso na última sexta-feira, e revogou a prisão preventiva determinada pelo juiz federal Alderico Rocha Santos, responsável pelo processo da Operação Monte Carlo, em Goiânia. A decisão de Tourinho foi o quarto habeas corpus concedido a Cachoeira, após recursos contra decisões na primeira instância da Justiça.
Na saída do presídio de segurança máxima, deu rápidas
declarações à imprensa em que insinuou possíveis revelações sobre
os governos do PT.
- Sou o "garganta profunda" do PT - disse o contraventor aos jornalistas que o aguardavam na saída do presídio.
Cachoeira estava preso em razão de uma mandado de prisão preventiva
expedido com a sentença que o condenou a 39 anos, oito meses e dez dias
de reclusão. Na decisão, o juiz Alderico estipulou um tempo de
prisão temporária de dois anos e uma fiança de R$ 10 milhões, se o
bicheiro optasse por contestar a sentença em liberdade. O recurso foi
apresentado anteontem e, ontem à tarde, Tourinho concedeu o habeas
corpus. A decisão foi proferida às 14h50m e, às 15h16m, um e-mail foi
enviado para a secretaria da 11a Vara Federal em Goiânia.
"No nosso ordenamento jurídico, não existe prisão preventiva
quantificada em tempo", disse o desembargador na decisão pela soltura
do réu. Para Tourinho, a liberdade de Cachoeira não representa riscos
para a ordem pública, como argumentou o juiz Alderico. Os dois
magistrados já trocaram ofensas em ofícios expedidos ao longo da
tramitação do processo da Operação Monte Carlo.
Foi a segunda vez que o bicheiro deixou a prisão desde a deflagração
da Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro. A primeira foi em 21 de
novembro, depois de quase nove meses detido.
- A condenação criminal só pode operar efeito após transitar em
julgado. É o que ocorre com os réus condenados no mensalão -
sustentou o advogado de Cachoeira, Nabor Bulhões.
Bulhões afirmou que vai recorrer ainda esta semana contra a sentença que condenou o bicheiro a quase 40 anos de prisão.
Além do habeas corpus de ontem, Tourinho já havia revogado outro
mandado de prisão preventiva, suspendido o processo na 11a Vara Federal
para diligências junto a operadoras de telefonia e determinado a
transferência de Cachoeira do presídio federal de segurança máxima
em Mossoró (RN) para o Presídio da Papuda. O mesmo desembargador foi o
responsável por liberar as contas da Vitapan Indústria Farmacêutica
para a ex-mulher do bicheiro, Andrea Aprígio, apontada pelas
investigações como testa de ferro do contraventor.
A decisão de soltar o bicheiro será levada por Tourinho à 3a Turma do TRF da 1a Região.
Ao determinar a prisão preventiva de Cachoeira, o juiz Alderico listou
23 razões para mantê-lo detido, entre elas o pagamento de propina
para manter o controle de setores da administração pública em Goiás e
a manipulação de licitações.
Fonte: O Globo - Por Vinicius Sassine
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