Há 15 dias, ao visitar Lula no hospital, Kassab propôs a parceria. Em troca da indicação do vice, o seu PSD entraria na coligação do candidato petista Fernando Haddad. A iniciativa “provocou um terremoto no partido”, anotou Dirceu.
Na palavras do ex-ministro mensaleiro, “é grande” dentro do PT “a oposição” ao casamento político com Kassab. Ele realça, porém, que a idéia da troca de alianças “vem com o aval e o apoio entusiasta do presidente Lula.”
De resto, além de achar que “apoio não se recusa”, Dirceu como que aconselha o petismo a levar em conta o óbvio: “Para vencer, precisamos de aliados e de mais de 50% dos votos no primeiro ou no segundo turno.”
O texto de Dirceu parece mais dirigido ao público interno. Chega num instante em que Lula quebra lanças pelo acordo. Às vésperas de uma reunião do conselho político da campanha de Fernando Haddad, o ex-ministro fez um inventário das dificuldades.
Escreveu que pelo menos metade da bancada de vereadores e dos membros do conselho político é contra a aliança com Kassab. Também os movimentos sociais torcem o nariz para a aproximação com o prefeito. Dirceu acrescentou:
“Isso, sem falar no silêncio da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy e da manifesta oposição do presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, entre outros, como o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, e o deputado estadual Simão Pedro, todos com muito peso na cidade, nos movimentos e no PT.”
Os que recebem mal o flerte com Kassab, anotou Dirceu, acham que o PT deveria se “concentrar nas alianças com o PR, PCdoB, PSB e PDT.” Mas a equação, segundo ele, não é tão simples.
Por quê? Dirceu recorda que as legendas cobiçadas pelos operadores da candidatura Haddad estão na base de apoio ao governo Dilma Rousseff. Mas o PSD de Kassab também está.
Para Dirceu, a encrenca exige “muita conversa, diálogo e paciência.” Do contrário, ele vaticinou, “podemos perder as eleições antes mesmo de iniciar a campanha. Não se vence com um partido dividido.”
É no mínimo curiosa a pseudoresistência do PT. Em Brasília, o partido relaciona-se gostosamente com personagens como José Sarney.
Em São Paulo, faz cara de nojo para Kassab. Ora, francamente. A coisa assemelha-se a um debate de freiras na porta do prostíbulo.
Fonte: Blog do Josias - UOL
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