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sábado, 11 de maio de 2013

Denuncia: PM devolve 3,4 mil tasers de lote fajuto

Pistolas elétricas no valor de R$ 10, 8 milhões são entregues por empresa carioca com várias falhas de fabricação. Equipamentos encomendados com dispensa de licitação atrapalham o planejamento para a Copa das Confederações 

Modelo Spark 800 de pistola elétrica produzida pela Condor, do Rio de Janeiro: única empresa autorizada pelo Exército a produzir o equipamento
 
Uma semana depois do escândalo do pedido de compra de capas de chuva para a Copa do Mundo — a ser realizada em período de seca —, que levou à troca do comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), aparece outro problema para a corporação. Um lote de pistolas elétricas e os respectivos cartuchos, entregue no fim do mês passado ao custo de R$ 10,8 milhões, acabou rejeitado por uma comissão de PMs. A posição do grupo foi pela devolução dos 3.425 tasers modelo Spark 800, além dos 5 mil cartuchos. O motivo: falta de qualidade mínima do material (leia fac-símile).

Os kits são fabricados pela Condor Equipamentos Não Letais (nome de fantasia da Condor S/A Indústria Química), estabelecida no Rio de Janeiro. A empresa brasileira foi contratada por dispensa de licitação sob a justificativa de que é a única no mercado nacional autorizada pelo Exército a fabricar o armamento. “De fato, foram encontrados vários produtos com defeito e, por isso, ocorreu a suspensão. A empresa já foi notificada”, explicou o tenente-coronel Zilfrank Antero de Araújo, do Centro de Comunicação Social da PMDF.

A corporação deu prazo de 30 dias para que a firma comprove a qualidade dos equipamentos e se não apresentarão defeitos em pouco tempo. Até a comprovação, o uso do equipamento está suspenso. Ao fim desse período, será aberto um procedimento administrativo para o cancelamento do contrato. Segundo Zilfrank, o pagamento ainda não foi feito por parte do governo. O imprevisto pode atrapalhar, inclusive, a utilização das pistolas durante a Copa das Confederações, cuja abertura será em Brasília, em 15 de junho. Ainda não é possível determinar se haverá tempo para o teste das novas pistolas, além do treinamento dos policiais do Batalhão de Choque.

Foi justamente a aproximação da época de grandes eventos esportivos que levou a PMDF a buscar alternativas de armamentos não letais como forma de atender as recomendações de entidades de direitos humanos e da própria Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, a corporação começou a negociar com a Condor no fim do ano passado. Da empresa, foram compradas granadas químicas (gás lacrimogêneo) no valor de R$ 6,2 milhões — negociação fechada em 2012 — e assinado um contrato para a aquisição dos kits de pistolas elétricas. Em ambos os casos, os acordos acabaram firmados no contexto da dispensa de licitação.

Responsabilidade

O carregamento com as armas chegou no fim de abril. Uma comissão formada por três policiais militares (um capitão, um subtenente e um sargento) foi incumbida da análise provisória do material. Coube a esse grupo avaliar se os produtos estão conforme as especificações do contrato. Com a avaliação de 2.225 kits até 2 de maio, os PMs verificaram 43 com peças quebradas e um estojo em que faltavam os cartuchos. Os problemas no suporte das pilhas, para a comissão avaliadora, configurou “defeito crítico”, o que poderia comprometer o uso do equipamento.

No parecer, ao qual o Correio teve acesso com exclusividade, os policiais militares apontaram que o fornecedor deveria ser o “responsável pelo controle de qualidade e pelo processo de produção”, além de “executar a inspeção do produto e focar nos níveis de qualidade desejados”, principalmente por ser um lote de alto valor de compra. Em sua defesa, a assessoria de imprensa da Condor justificou que se trata apenas de questão logística. “O percentual de ocorrência de problemas é inferior a 1%, e consideramos este percentual aceitável”, informou a empresa, por meio de nota.

Mesmo assim, o parecer conclusivo da comissão da PM foi por rejeitar todo o carregamento, deixando de incorporá-lo ao patrimônio da corporação. A justificativa é de que o material não atende as exigências solicitadas no edital. “Até agora, todas (as unidades verificadas) apresentaram o mesmo mecanismo divisor (ressalto) do habitáculo das pilhas recarregáveis, sendo previsível a quebra das demais em curto período de tempo pelo uso contínuo, pois é um material frágil para o que se propõe”, diz parte do documento.

 
Entre os problemas encontrados pela PM, há um kit sem os cartuchos de lançamento dos dados energizados, além de suportes de pilhas quebrados
 
Radiografia 

Custo: R$ 10.856.527
Equipamentos: 3.425 pistolas elétricas modelo Spark 800 e 5 mil cartuchos de lançamento de dardos energizados
Fabricante: Condor S/A Indústria Química
Comprador: Polícia Militar do DF
Modalidade: compra direta por dispensa de licitação
 Problemas verificados por comissão da PM:
» Um dos kits não continha três cartuchos de lançamento de dardos
» 43 kits apresentaram quebra no divisor do compartimento das pilhas recarregáveis
» Presença de material considerado frágil em todos os
mecanismos do cartucho das pilhas recarregáveis, com
previsível quebra em curto período de tempo 

Funcionamento 

» Ao serem acionadas, as pistolas elétricas arremessam dardos com alcance de cerca de 10 metros de distância

» Ligados às armas por fios condutores elétricos, os dardos se fixam nas roupas por meio de ganchos

» Assim que há a fixação, a descarga elétrica chega à vítima

» As ondas emitidas paralisam a pessoa, interrompendo a comunicação do cérebro com o corpo

» O resultado é a imobilização imediata da pessoa

Fonte: Correio Braziliense

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