Num grampo de 29 de julho, o araponga Jairo Martins antecipa ao tenente-coronel Paulo Abreu que Época havia fechado uma reportagem de três páginas com “porrada no Agnelo”; “Que deus abençoe”, responde Abreu, que era o candidato de Demóstenes à presidência da SLU, contratante de Cavendish
No entanto, vários trechos do inquérito revelam que o bicheiro usou a
 imprensa com frequência em defesa de seus interesses econômicos e 
políticos. E Veja não foi a única publicação instrumentalizada pela 
quadrilha. Época também.
É o que revela um diálogo entre o araponga Jairo Martins, funcionário
 de Cachoeira, e o tenente-coronel Paulo Abreu, da Polícia Militar do 
Distrito Federal, que também recebia recursos da quadrilha. Abreu era 
remunerado pela Delta, empresa de Fernando Cavendish, que tentava 
ampliar seus tentáculos no Distrito Federal.
Na conversa, de 29 de julho deste ano, Abreu antecipa uma reportagem 
que sairia em Época com “porrada no Agnelo”. Paulo Abreu responde: “Que 
deus abençoe”.
Servidor do Distrito Federal, Abreu era o candidato de Demóstenes 
Torres (sem partido/GO) e da Delta à presidência da SLU, empresa de 
limpeza urbana do Distrito Federal, que contratava a própria Delta.
Ou seja: o método da empresa de Cavendish envolvia a publicação de 
denúncias na imprensa e, sem seguida, a tentativa de obter vantagens por
 meio do senador Demóstenes Torres.
Ouça, abaixo, trecho do diálogo entre Jairo e Abreu:
RESUMO
PAULO ABREU PEDE PARA JAIRO DEIXAR O PAGAMENTO DA DELTA EM SUA CASA. FALAM SOBRE REVISTA EPOCA REPORTAGEM SOBRE AGNELO.
DIÁLOGO
( ... )
JAIRO:  Ué,  como que você vai fazer? Fala ai,  ué .
PAULO  ABREU: ( ... ) vocês passa aqui  em casa e deixar isso aqui  cara.
JAIRO: Tá beleza, tá beleza, eu passo ai, é perto da ALAMEDA, né ?
PAULO ABREU:  Fica depois da ALAMEDA, depois da ALAMEDA vira a direita ( ... )
JAIRO:  ( ... ) a revista época fechou agora a edição dela, três página, porrada no AGNELO geral.
PAULO ABREU:  Que Deus abençoe .
Leia, ainda, trecho de matéria recente da revista Época, em 
13 de abril deste ano, em que a revista revela que a Delta era “a 
preferida do bicheiro” e que tentou emplacar Paulo Abreu na presidência 
da SLU:
Mesmo depois de vencida a disputa, a 
Delta enfrentou problemas em Brasília. Escutas telefônicas feitas pela 
PF mostram que a turma de Cachoeira atuou com força para defender os 
interesses da empresa, logo após a eleição do governador Agnelo Queiroz 
(PT). No dia 30 de dezembro de 2010, dois dias antes da posse de Agnelo,
 Cachoeira conversou com o então diretor da Delta no Centro-Oeste, 
Abreu, e com o sargento Idalberto Matias, o Dadá, um dos arapongas da 
organização. Os três articulavam uma conversa do senador Demóstenes 
(então no DEM) com Agnelo. Demóstenes foi escalado e participou do lobby
 para controlar o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), justamente o órgão 
para o qual a Delta trabalhava no Distrito Federal. No encontro, 
Demóstenes pediria a Agnelo a nomeação do tenente-coronel da Polícia 
Militar Paulo Abreu para a presidência da SLU. De acordo com as 
gravações, Paulo Abreu usaria o cargo para beneficiar a Delta. “O 
governador já está sabendo, entendeu e vai tomar as providências para 
atender”, diz Dadá para Cláudio Abreu. Apesar do lobby, Paulo Abreu não 
assumiu o cargo e é hoje investigado pela Polícia Federal. Por 
intermédio de sua assessoria, Agnelo diz que “jamais foi ventilada” a 
nomeação de Abreu e negou ter participado de qualquer “reunião privada 
com Demóstenes”.
Época só não revela que, em julho do ano passado, foi usada pela 
quadrilha de Cachoeira para fazer com que Agnelo nomeasse Paulo Abreu na
 SLU.
Fonte: Brasília 247 - 29 de Abril de 2012 às 15:34 
 


 
 
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