Temer: o “casamento” continua
O vice-presidente Michel Temer desautorizou, neste domingo, o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha
(RJ), que chegou a pregar o rompimento da aliança do PMDB com o
governo. Poucas horas antes de se reunir com a presidente Dilma
Rousseff, no Palácio da Alvorada, Temer disse que “o PMDB quer manter o
casamento com ela e não vê chance de divórcio”.
—
Não é A nem B ou C nem sou eu quem vai dizer se o partido vai para um
lado ou para o outro. É a convenção nacional que decide o que deve ser
feito — disse Temer ainda em Tietê (SP), sua cidade natal, onde esteve
para receber uma homenagem antes de voltar a Brasília. — Tem dois terços
que pensa em manter o casamento e, portanto, a maioria é pela
manutenção da aliança, como eu.
No
fim da tarde, antes do encontro com Dilma, Temer convocou um seleto
grupo do PMDB para uma reunião no Palácio do Jaburu. No encontro ficou
decidido que o PMDB não esticaria mais a corda com a presidente nem
endossaria as posições de Cunha. A portas fechadas os peemedebistas
avaliaram que o bate-boca com o PT só prejudicava o próprio PMDB, que
aparecia diante da opinião pública como fisiológico.
—
Vou levar para Dilma uma mensagem de concórdia — avisou Temer, que
pretende repetir a dobradinha com Dilma, na campanha da reeleição,
ocupando a vaga de vice. — A presidenta quer ter uma aliança muito
sólida e quer fazê-la prosperar. É conversando que se entende. Tenho
certeza de que vai dar certo. É uma situação passageira e logo estará
superada.
Cúpula
Foi esse, também, o tom da conversa de Temer com os presidentes do PMDB, Valdir Raupp (RO); do Senado, Renan Calheiros (AL); da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e com o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE), antes da reunião com Dilma.
À
noite, a presidente ofereceu novamente o Ministério do Turismo para o
senador Vital do Rêgo (PMDB/PB) e não se mostrou disposta a ampliar o
espaço do PMDB na Esplanada. Nem mesmo as ameaças de Eduardo Cunha
surtiram efeito. A estratégia de Dilma consiste em isolar Cunha e tirar
a vaga do Turismo da zona de influência da bancada da Câmara, passando a
cadeira para um nome do Senado. Temer se comprometeu a consultar os
dirigentes do partido.
A
ideia da presidente é nomear o senador Vital para o Turismo, na vaga de
Gastão Vieira – deputado licenciado do PMDB que deixará o posto para
concorrer a novo mandato – e deixar o Ministério da Agricultura sob
comando de um apadrinhado de Temer. Até agora, o mais cotado para
substituir Antônio Andrade na Agricultura é Neri Geller, hoje secretário
de Políticas Agrícolas.
—
Tudo o que não precisamos agora é dessa crise entre aliados em ano
eleitoral. Se avançarmos um pouco nas alianças regionais, o clima já
começa a distensionar — disse Raupp. Dos 27 Estados, o PT e o PMDB só
têm parcerias garantidas, até agora, nos palanques do Distrito Federal,
Pará, Sergipe e Amazonas. A situação é considerada dramática no Rio e na Bahia, onde as duas legendas se tratam como inimigas.
Pesquisas
em poder do Palácio do Planalto indicam que Dilma cresce quando reage a
pressões políticas e rejeita o “toma lá dá cá”. Foi assim quando ela
fez a “faxina” administrativa que derrubou sete ministros, em 2011, e
está sendo assim agora, de acordo com levantamentos de opinião pública
feitos pelo marqueteiro João Santana.
Embora
o ex-presidente Lula tenha aconselhado sua sucessora a ser mais
“política” e conversar com a cúpula do PMDB, ela preferiu chamar apenas
Temer para o encontro reservado de hoje. Após provocar mais divisão
entre as alas do PMDB, Dilma agora quer fortalecer o vice, que deve
chancelar todas as indicações do partido para o primeiro escalão.
Colaborou Mariângela Gallucci.
Fonte: Portal Diário do Poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário