Ex-governador José Roberto Arruda: entre o desejo de disputar mandato, a Justiça e a família
Um político profissional, determinado e obstinado não teme quase nada,
a não ser o núcleo familiar como pai, mãe, mulher e filhos. Por mais
ousado que seja e que tenha resposta para todo tipo de ataques, a
família tem peso na hora de “ir em frente”. Sem o aval daqueles que
estarão a esperá-lo na volta do trabalho, não existe força física que
resista aos ataques, quer da tribuna ou pela mídia, instrumento
democrático implacável, principalmente no Brasil.
Esta análise tem martelado a cabeça brilhante (literalmente) do
engenheiro e ex-governador José Roberto Arruda. Sem partido, mas com
voto, ele continua assombrando os atuais donos do poder. Não só pela
possibilidade de mudar totalmente a história política do Distrito
Federal, mas sobretudo por ter a possibilidade de mandar para casa os
seus principais algozes, democraticamente. Até agora, nada impede Arruda
de disputar novamente a cadeira do Palácio do Buriti, a não ser a
família — mais à frente, também uma provável condenação na Justiça.
Neste último obstáculo, até agora seus advogados vem trabalhando bem, já
o da família... está complicado. Começando pelos filhos e a mulher.
Arruda sabe que os adversários não vão poupá-lo, acusando-o até de ter
colocado fogo em Roma. Seria bom pois, de acordo com nossa tradição
cristã, iria transformá-lo em vítima de um “PT tão corrupto quanto os
demais partidos”. Que o diga o também ex-governador Joaquim Roriz,
também outra vítima do sistema e que foi resgatado – como Arruda – pela
desastrada gestão de Agnelo Queiroz. O centro da batalha de Arruda, sem
dúvida, não é o externo e sim o interno. Se conseguir se safar do
processo da Caixa de Pandora, protelando ou até mesmo sendo inocentado
pela Justiça, fica como obstáculo somente a família. Se o preço a pagar
for a execração pública, ele está disposto a enfrentar desde que tenha o
apoio de sua família.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) passou o abacaxi para o Tribunal
de Justiça do Distrito Federal, desmembrando o processo. Com isso,
Arruda pode ganhar tempo e até ser inocentado já que pode provar que não
recebeu dinheiro público na época. Ele não tinha sido eleito, portanto a
Justiça pode entender que não houve dolo ao erário. É bom lembrar que a
Justiça não ouve muito os gritos da rua. Ela prefere ser o mais próximo
possível do justo. Não adianta o PT mover os pauzinhos para provocar
uma condenação de Arruda, como por exemplo, garimpar na Secretaria de
Transparência um pequeno erro na gestão dele. Mas tudo é possível
quando se está em jogo um orçamento de quase R$ 3 bilhões por mês. Este é
o montante que o Governo do Distrito Federal manipula por mês.
Fonte: Jornal Opção
Nenhum comentário:
Postar um comentário