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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PMDB “rosna e mostra os dentes”

Vice-governador Tadeu Filippelli: aliança só com Agnelo Queiroz — caso contrário, entra em ação o Plano B

A política é uma das atividades mais fascinantes que move a humanidade. Desde os tempos em que o homem se viu forçado a se acomodar em cavernas, caso contrário não teria chances de sobreviver, a política, por meio de um líder, passou a ser a principal ferramenta para o bem ou para o mal.

O homem grego de Sócrates, Aristóteles e Plantão não difere muito do sapiens contemporâneo. Têm os mesmos sonhos, ambições, desejos e apetite pelo poder. Não importa se esse poder é político, econômico ou social. Todos nós cultivamos nossas vaidades ocultas ou explícitas.

O declínio político do governador Agnelo Queiroz (PT), eleito há dois anos como o “Novo Caminho para o Distrito Federal”, deixou uma grande lacuna nas mentes e corações do brasiliense. Não existe um cidadão hoje, desde o mais alienado ao mais intelectualizado, que não saiba o que está acontecendo com sua cidade. Se assim não o fosse, como explicar os baixos índices de aprovação do governador?  Pode-se contar nos dedos o que este governo tem acima de 50% de aprovação. A descrença nas políticas públicas tão alardeadas pelo PT e sua turma é geral, por isso, todos os partidos já ensaiam suas machinhas para desfilarem no Pacotão de 2014. O último a rosnar e mostrar os dentes foi o PMDB, principal aliado do governador Agnelo.

A entrevista do presidente regional da legenda e vice-governador, Tadeu Filippelli, ao repórter Fran­cisco Dutra, do Jornal de Brasília, deixou claro que é hora de movimentar as peças do xadrez político. Se permanecer estático, o PMDB começa a sangrar e os votos escorregarem entre os dedos. Filippelli é um homem calejado nos embates políticos, forjado dentro da polarização vermelho X azul, portanto, esgrimar é com ele mesmo. Ele sabe que se não mostrar os dentes e rosnar, o PMDB vira reboque do PT. O PT do Distrito Federal é um dos mais complicados do país. Que o digam Cristovam Buarque, Hélio Doyle, Maria Maninha, Ma­rina Silva e tantos outros que pularam fora do barco. “Não vai ser o PMDB que vai segurar o abacaxi e perder o bonde da história só para deixar Agnelo brincar de governador”, conta uma liderança de uma cidade administrativa.

Preste atenção neste recado de Filippelli na entrevista: “O secretário [Roberto Wagner ] mostra um grande esforço de agregar forças, de ciscar para dentro, e esta é a essência da atual situação política do governo. Mas o presidente do PT [deputado federal Roberto Policarpo] parece não se dar conta do momento. Falou de disputas internas do governo, do “enquadramento” de quem não andar na linha. Mas vamos deixar claro: as principais disputas  por espaço político dentro do governo têm sido feitas pelo PT. De forma nenhuma pelos demais partidos. A posição de Policarpo é muito mais de um bedel de escola do que a do presidente de um dos principais partidos da aliança, o partido do governador.”

Veja o que ele disse sobre as disputas pelos cargos nas administrações: “São legítimas dentro do limite do respeito. Todos os partidos deverão ter a mesma iniciativa e vão buscar sair fortalecidos para as eleições. Em caso contrário, não terão expressividade nas bancadas e não farão deputados distritais, federais e demais representantes. O PT está expressivamente representado. Agora nas Câmaras Federal e  Legislativa existe espaço para todos. E é importante que este espaço seja equilibrado. Qualquer ação que represente busca de hegemonia na formação das nominatas para a disputa da eleição será a gota d’água para impedir qualquer tentativa de construção de uma bela aliança.

Pode-se não gostar de Filippelli, considerá-lo um líder centralizador, mas jamais podem acusá-lo de negligência e comodismo como liderança. Então, conclui-se que Filippelli não está falando sozinho. Ele segue uma tendência nacional do partido que vai abiscoitar o comando do Congresso, salvo aconteça uma zebra na eleição da Câmara Federal e do Senado. Com estas duas fichas na mão, o partido pode provocar (e aprovar) qualquer CPI. Este quadro anima o PMDB do DF, principalmente Filippelli, que os petistas andam desdenhando há muito. O outro fato relevante é o de que com Agnelo em baixa, sem perspectivas de melhorar, a cada dia aparece alguém se habilitando a entrar no jogo e marcar gol. Esta hipótese o PMDB não pode admitir, pois se ele não mostrar força logo, os petistas vão alardear que “ele rosna, mas não morde”. Se acontecer esta hipótese, Filippelli pode arrumar as malas e mudar de Estado. Seu PMDB não vai eleger nem deputado distrital, imagine federal, governador ou senador. É nesta direção que o esperto Filippelli mira. Ou o PT respeita a aliança, ou pode começar a buscar outro parceiro, pois aonde o PMDB for, o bloco ganha o governo. Este é o grande trunfo de Filippelli. Caso Agnelo desista de candidatar-se à reeleição como sonham alguns petistas, Filippelli deixa claro que o acordo encerra e ele será o cabeça de chapa com outra coligação.

Aos menos avisados, o PMDB nacional já sinalizou para a presidenta Dilma Rousseff que em 2013, quer sentar mais gente na janela do ônibus da Esplanada dos Mi­nistérios. Esta movimentação reforça o modus esperniandis do vice-governador do DF e põe em estado de alerta a petezada brasiliense. Filippelli, guardada as devidas proporções, segue à risca os movimentos do PMDB nacional. A cúpula do partido quer um melhor tratamento de Dilma, leia-se, en­quadrar o PT, que avança nos interesses peemedebistas.

Embora Filippelli tenha saído de sua toca por uns breves mo­mentos para mandar seu recado, especula-se que ele já tem um plano B prontinho. Muita gente no PT acredita que ele “está enquadrado” por conta de inúmeros cargos. Se esquecem que a máquina do GDF pode ter força, mas não suficiente para matar o PMDB.

Fonte: Jornal Opção - Por Wilson Silvestre

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