Vice-governador Tadeu Filippelli: aliança só com Agnelo Queiroz — caso contrário, entra em ação o Plano B
A política é uma das atividades mais fascinantes que move a
humanidade. Desde os tempos em que o homem se viu forçado a se acomodar
em cavernas, caso contrário não teria chances de sobreviver, a política,
por meio de um líder, passou a ser a principal ferramenta para o bem ou
para o mal.
O homem grego de Sócrates, Aristóteles e Plantão não difere
muito do sapiens contemporâneo. Têm os mesmos sonhos, ambições, desejos
e apetite pelo poder. Não importa se esse poder é político, econômico
ou social. Todos nós cultivamos nossas vaidades ocultas ou explícitas.
O declínio político do governador Agnelo Queiroz (PT), eleito há dois
anos como o “Novo Caminho para o Distrito Federal”, deixou uma grande
lacuna nas mentes e corações do brasiliense. Não existe um cidadão hoje,
desde o mais alienado ao mais intelectualizado, que não saiba o que
está acontecendo com sua cidade. Se assim não o fosse, como explicar os
baixos índices de aprovação do governador? Pode-se contar nos dedos o
que este governo tem acima de 50% de aprovação. A descrença nas
políticas públicas tão alardeadas pelo PT e sua turma é geral, por isso,
todos os partidos já ensaiam suas machinhas para desfilarem no Pacotão
de 2014. O último a rosnar e mostrar os dentes foi o PMDB, principal
aliado do governador Agnelo.
A entrevista do presidente regional da legenda e vice-governador,
Tadeu Filippelli, ao repórter Francisco Dutra, do Jornal de Brasília,
deixou claro que é hora de movimentar as peças do xadrez político. Se
permanecer estático, o PMDB começa a sangrar e os votos escorregarem
entre os dedos. Filippelli é um homem calejado nos embates políticos,
forjado dentro da polarização vermelho X azul, portanto, esgrimar é com
ele mesmo. Ele sabe que se não mostrar os dentes e rosnar, o PMDB vira
reboque do PT. O PT do Distrito Federal é um dos mais complicados do
país. Que o digam Cristovam Buarque, Hélio Doyle, Maria Maninha, Marina
Silva e tantos outros que pularam fora do barco. “Não vai ser o PMDB
que vai segurar o abacaxi e perder o bonde da história só para deixar
Agnelo brincar de governador”, conta uma liderança de uma cidade
administrativa.
Preste atenção neste recado de Filippelli na entrevista: “O secretário
[Roberto Wagner ] mostra um grande esforço de agregar forças, de ciscar
para dentro, e esta é a essência da atual situação política do governo.
Mas o presidente do PT [deputado federal Roberto Policarpo] parece não
se dar conta do momento. Falou de disputas internas do governo, do
“enquadramento” de quem não andar na linha. Mas vamos deixar claro: as
principais disputas por espaço político dentro do governo têm sido
feitas pelo PT. De forma nenhuma pelos demais partidos. A posição de
Policarpo é muito mais de um bedel de escola do que a do presidente de
um dos principais partidos da aliança, o partido do governador.”
Veja o que ele disse sobre as disputas pelos cargos nas
administrações: “São legítimas dentro do limite do respeito. Todos os
partidos deverão ter a mesma iniciativa e vão buscar sair fortalecidos
para as eleições. Em caso contrário, não terão expressividade nas
bancadas e não farão deputados distritais, federais e demais
representantes. O PT está expressivamente representado. Agora nas
Câmaras Federal e Legislativa existe espaço para todos. E é importante
que este espaço seja equilibrado. Qualquer ação que represente busca de
hegemonia na formação das nominatas para a disputa da eleição será a
gota d’água para impedir qualquer tentativa de construção de uma bela
aliança.
Pode-se não gostar de Filippelli, considerá-lo um líder centralizador,
mas jamais podem acusá-lo de negligência e comodismo como liderança.
Então, conclui-se que Filippelli não está falando sozinho. Ele segue uma
tendência nacional do partido que vai abiscoitar o comando do
Congresso, salvo aconteça uma zebra na eleição da Câmara Federal e do
Senado. Com estas duas fichas na mão, o partido pode provocar (e
aprovar) qualquer CPI. Este quadro anima o PMDB do DF, principalmente
Filippelli, que os petistas andam desdenhando há muito. O outro fato
relevante é o de que com Agnelo em baixa, sem perspectivas de melhorar, a
cada dia aparece alguém se habilitando a entrar no jogo e marcar gol.
Esta hipótese o PMDB não pode admitir, pois se ele não mostrar força
logo, os petistas vão alardear que “ele rosna, mas não morde”. Se
acontecer esta hipótese, Filippelli pode arrumar as malas e mudar de
Estado. Seu PMDB não vai eleger nem deputado distrital, imagine federal,
governador ou senador. É nesta direção que o esperto Filippelli mira.
Ou o PT respeita a aliança, ou pode começar a buscar outro parceiro,
pois aonde o PMDB for, o bloco ganha o governo. Este é o grande trunfo
de Filippelli. Caso Agnelo desista de candidatar-se à reeleição como
sonham alguns petistas, Filippelli deixa claro que o acordo encerra e
ele será o cabeça de chapa com outra coligação.
Aos menos avisados, o PMDB nacional já sinalizou para a presidenta
Dilma Rousseff que em 2013, quer sentar mais gente na janela do ônibus
da Esplanada dos Ministérios. Esta movimentação reforça o modus
esperniandis do vice-governador do DF e põe em estado de alerta a
petezada brasiliense. Filippelli, guardada as devidas proporções, segue à
risca os movimentos do PMDB nacional. A cúpula do partido quer um
melhor tratamento de Dilma, leia-se, enquadrar o PT, que avança nos
interesses peemedebistas.
Embora Filippelli tenha saído de sua toca por uns breves momentos
para mandar seu recado, especula-se que ele já tem um plano B prontinho.
Muita gente no PT acredita que ele “está enquadrado” por conta de
inúmeros cargos. Se esquecem que a máquina do GDF pode ter força, mas
não suficiente para matar o PMDB.
Fonte: Jornal Opção - Por Wilson Silvestre
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