Mino Pedrosa
Há
quase um ano, o governador Agnelo Queiroz (PT) reuniu-se com alguns
interlocutores em seu gabinete no Palácio do Buriti, para montar a
equipe que iria administrar as obras da Copa de 2014, em Brasília. No
meio da conversa, Agnelo convidou um dos presentes, uma pessoa de sua
estrita confiança, para coordenar o comitê gestor da Copa.
O convite foi
bem recebido, mas o convidado sugeriu algumas condições, que parecem
não ter agradado o governador. A principal delas era uma parceria com
procuradores do Ministério Público do DF para dar transparência à gestão
e garantir a devida aplicação dos recursos públicos. Agnelo silenciou.
Semanas
depois, o governador publicou no Diário Oficial a nomeação de Cláudio
Monteiro para aquela vaga. Ao acumular a função, o então chefe de
gabinete chegou a tripudiar da ideia de parceria com o Ministério
Público, numa conversa com um amigo delegado – que depois chamou para
integrar a equipe. “O cara não entendeu bem o convite do governador”,
disse, com deboche.
Monteiro,
como se sabe, é citado nas gravações da Operação Monte Carlo como um
dos principais interlocutores do GDF com o bando de Carlinhos Cachoeira.
Seu filho João Claudio Monteiro, de 22 anos, também aparece no
inquérito. Segundo a PF, ele locaria carretas para a empresa Delta, que
detinha o contrato de limpeza urbana.
O
que a PF não sabia é que João Claudio também tem contratos com outras
empresas que prestam serviço para o GDF. Coincidência ou não, exatamente
na construção do Estádio Nacional. Contratos esses que foram avalizados
por seu pai. Um dos lucrativos negócios é o fornecimento de toneladas
de andaimes utilizados na obra.
Tudo
é feito à luz do dia. O jovem João Claudio, inclusive, não tem pudores
em ostentar a riqueza amealhada em tempo recorde. Nos últimos meses,
desfilou pelos eixos da Capital com uma Porsche Bosxter branca, comprada
em cash por R$ 378 mil.
O
veículo, aliás, tem placa de Goiânia, sede de todos os escândalos
recentes envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Pouco antes de saber
que seu pai seria convocado a depor na CPI, o menino de gosto refinado
se preparava para trocar o Porsche por uma Ferrari F-458, de mais de R$ 1
milhão. Ele chegou a entregar a Porsche na concessionária, mas teve que
abortar o negócio para não complicar ainda mais a vida do papai.
São
essas e outras questões nebulosas que levaram Claudio Monteiro a entrar
com um HC para ficar calado na CPI. Ele sabe que será questionado sobre
os negócios do filho e de sua influência nos contratos do Estádio
Nacional. Agora se entende o medo expressado por Agnelo ao questionar
Monteiro há duas semanas sobre o caso. A saia justa é inevitável.
Fonte: QuidNovi por Mino Pedrosa
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